Aretha Franklin Live Somewhere
Aretha Franklin é enorme em vida. Sempre foi. A pujança da sua voz grande e negra apoderou-se dos ouvidos mais duros para acabar com as convicções grosseiras que separam brancos de pretos, homens de mulheres, ricos de pobres…
Talvez por isto, certamente pelo que para nós Aretha Franklin representa, a todos nos apetece partilhar com o mundo a nossa pequenina vénia à rainha.
As notícias são muito desanimadoras. Dizem que a sua saúde está a ceder. Nos últimos dias tenho acordado com este pensamento recorrente: “será que já morreu?” e dou por mim, antes de tomar café, à procura de uma confirmação que será o tiro de partida para milhares de homenagens em todo o mundo.
Por isso começo a escrevinhar este texto, tal como todos os jornais, revistas, televisões e rádios, ainda em sua vida mas com a certeza de que as más notícias estarão para breve.
Preferia estar a falar de Aretha. Com os olhos a brilhar, a mexer as mãos enquanto tento chamar a atenção para esta interpretação…”oiçam lá com atenção a forma como esta Mulher canta…reparem nesta voz que lhe vem das entranhas da alma…”, tal como a Amy Winehouse fez em 2006, à sua maneira, quando a entrevistei em Berlim e lhe pedi um disco intemporal. Parou, baixou a cabeça a pensar e lança um: “oh…Aretha Franklin live somewhere…I think The Fillmore West…yeah! Aretha Franklin Live at The Fillmore West”. Tentei pegar no tópico “Aretha Franklin” já que a entrevista não estava a correr bem. A resposta de Amy foi: “Aretha Franklin?…well…Aretha is…….Aretha!!!…yeah…”. Na altura pensei, “pronto! mais uma resposta que não vou conseguir aproveitar!!!” mas hoje serve-me na perfeição porque, tal como Amy, não me apetece contabilizar o número de prémios nem os discos vendidos, só quero mesmo ouvi-la.
Quando Aretha canta não há dúvidas. Aquilo vem tão lá de dentro que se transforma na nossa verdade durante os 3 minutos da canção.
As suas interpretações rebentam com qualquer escala e criam outra, especial de corrida, só dela. Inigualável. Reconhecível à primeira sílaba pelo ouvido mais mouco.
Foram 50 anos de uma carreira tão sólida, tão bonita. Atravessou períodos conturbados da história a levar o Gospel pelos cabelos até onde a sua voz arco-íris conseguia chegar. Longe. Fundo. Até ao epíteto “Rainha da Soul”.
Cantou para reis e presidentes que faziam fila para a terem nas suas festas privadas.
Para mim sempre foi a companheira imbatível de jantares animados e de longas viagens de carro, a salvadora de qualquer pista de dança. Levei-a nos “phones” quando estava apaixonada, triste, sem esperança ou eufórica.
Franzi sempre a sobrancelha quando a cantavam em concursos de talento e das poucas vezes que fui ao karaoke, passava sempre as suas canções à frente pelo simples facto de ficar a hiperventilar durante os dois dias seguintes. É impossível cantar Aretha. Mesmo que tenhamos voz, falta-nos qualquer coisa para chegar àquilo. A todos nós, não se iludam.
A única sorte é que Aretha vai ser nossa para sempre. Muito Respeito.
Obrigada Aretha.
*acabo de receber a confirmação da morte de Aretha Franklin
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Telmo Campos E Matos
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Mónica Mendes
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Telmo Campos E Matos
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Mónica Mendes
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James Silva
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Mónica Mendes
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Isabelinha Da Cunha
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Mónica Mendes
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Liliana Guimarães
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Mónica Mendes
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