Primavera Sound Barcelona – Dia 2
2º dia do Primavera Sound Barcelona já com mais domínio da situação geográfica dos 17 palcos montados pelo Parc del Fòrum que, por estes dias, recebe milhares de visitantes e quase três centenas de artistas.
Janelle Monáe subiu ao palco ainda lusco-fusco e a noite até caiu com mais estrelas. Que rainha! Só mulheres em palco: sopros, bateria, baixo e 4 bailarinas incansáveis que acompanharam Monáe escada acima, escada abaixo durante um concerto que só pode ser adjectivado com uma palavra: perfeição. Bem sei, é uma expressão perigosa pelo peso que carrega, mas acreditem que não a uso de ânimo leve. Janelle canta tanto! Não desafina quando rebola no chão, nem quando se manda confiante para cima de um público que a passa de braços em braços e de volta ao palco onde troca de roupa várias vezes. Da licra coleante, às célebres “vagina pants” de “Pink”, passando por boinas e chapéus cheios de “bling bling” que nunca ofuscam o seu olhar malandro e um sorriso que provocaria inveja à Whitney Houston.
Puxou o lustro a todos os álbuns com especial atenção ao último “Dirty Computer” que levanta como bandeira das suas crenças e das lutas que sempre travou como “mulher negra homossexual na América”. Chama os bois pelos nomes, põe o dedo na ferida com coragem e garante que nos seus concertos todas as raças, costumes e ideais são bem vindos, sempre.
No final de “Make Me Feel” um guitarrista saca um solo “à la Prince” para recordar o seu contributo na música de Monáe. Arrepiou.
Concerto memorável.
Mais uma volta pelo recinto e paragem num palco mais pequenino, mesmo de frente para o mar onde cantava a rapper Junglepussy. A fazer justiça ao nome, sem rodriguinhos…P@€&@*$£#%@@&€&)@@… 🙂
Os acordes de ”Feels Like We Only Go Backwards” chamaram-me novamente à zona dos palcos principais e foi só seguir o trilho dos confetis coloridos que esvoaçavam pelo recinto, culpa dos Tame Impala que conseguiram reunir muitos ouvidos e olhos deliciados com o jogo de luzes fora de série.
Mal terminam os Tame Impala foi só dar meia volta para assistir ao regresso da sueca Robyn. Que power! Só via pessoas a passar por mim a correr em direção ao palco…aquela pop dançável tornada séria pela voz grave e segura de Robyn, carregada de presença foi íman humano eficaz.
Fui a trincar uma fatia de pizza até ao palco dos Jungle que já tinham começado a tocar e a meu ver, tiraram a melhor reação do público neste festival. São tão mas tão bons, que não pensei duas vezes em abrir caminho pelo meio de uma multidão bem juntinha e animada. Fui muito espremida mas valeu tanto a pena. O duo de ingleses já se multiplicou por 3. São 6 em palco com uma energia tão forte, tão alegre e tão dançável…que concerto incrível!
Dali arrastei-me até ao produtor Mura Masa que debitava um som poderoso, ritmo dos diabos, acompanhado por uma vocalista à altura. Olhei para o relógio, já passava das 4 da manhã. Pensei, “o Mura Masa vai actuar no Porto…vejo o resto lá, rodeada dos meus conterrâneos”
Sabem rezar? É que hoje temos…Solange, Neneh Cherry, Rosalía, Lizzo, James Blake, Kali Uchis, Ama Lou, Chanel 3, Pusha T, Tierra Whack…
help.
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Teresa Costa
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Teresa Costa