M do dia
21.07.2019 • 16:07 por Mónica Mendes

25º Super Bock Super Rock

De regresso à Herdade do Cabeço da Flauta em Sesimbra, este fim de semana o M acompanhou a 25ª edição do festival Super Bock Super Rock.

O cartaz composto por muitos nomes amigos do peito do M, prometia.

Tudo se cumpriu.

Começando pelos acessos e estacionamento, claramente melhorados, chegámos ao recinto sem grandes demoras, tirando a fatal velocidade de cruzeiro da estrada que leva à herdade. Sem problema, a estrada é linda!

No primeiro dia ia com os Jungle na mira mas só cheguei a tempo das 3 últimas músicas. Consegui, no entanto confirmar que a máquina está cada vez mais oleada e foi ao som de “Busy Earnin’” (uma das minhas preferidas) que fui recebida no festival. Bom presságio.

Reconhecimento do recinto e Branko a tomar conta do Palco EDP e a chamar a atenção a muita gente que se juntou para o ouvir.

Fui atraída por uma batida forte ao palco Somersby: Conan Osíris vestido de roxo a dominar a audiência. Nos interlúdios comunicou com mais palavrões do que os que ouvi durante os 3 dias nas filas para a cerveja e para as casas de banho que, este ano, eram livres de água. Verdade! Um cartaz explicativo indicava o que tínhamos de fazer: encher um copo com serrim que se mandava para a sanita em vez da água. À saída havia desinfectante para lavar as mãos. Não correu pior do que as casas de banho tradicionais de festival que, já se sabe, são um petisco.

Final do 1º dia com Lana del Rey que provocou muita correria na direção do palco principal quando se começou a ouvir aquele som “mal disposto” que a caracteriza. De negligée preto por entre baloiços e palmeiras, consegui perceber que o público estava a adorar. Aproveitei para saír de fininho.

O 2º dia prometia. Havia 2 nomes que eram néon para os meus ouvidos: o multi instrumentista francês French Kiwi Juice e o produtor Canadiano Kaytranada, ambos pela primeira vez em Portugal.

Quando entrei no recinto percebi que Christine and the Queens já estavam a actuar no palco principal, fui andando calmamente e aconteceu o que mais prazer me dá num festival. Estão a ver aquela situação em que não temos especial interesse em ver um concerto, mas o artista consegue seduzir-nos a ponto de não arredarmos pé até à última nota? Isso! Que concerto! Christine é uma força da natureza. Amparada por 6 bailarinos, vestidos cada um à sua maneira e uma banda oleada num pop poderoso que foi segurando quem ali estava e atraíndo indecisos.

FKJ é um fenómeno! Primeiro porque é um génio que se aguenta sozinho em palco, rodeado por teclados, guitarras, baixos, até instrumentos de sopro e máquinas de programação, sem falhar um tempo, uma batida sequer. E segundo porque não imaginei que houvesse tantos ouvidos interessados em ouvi-lo. Aguentei-me estoicamente no meio de uma multidão muito animada e conhecedora da sua música até ao tutano. Tocou o seu único álbum praticamente na íntegra e “Tadow” que divide com Masego. Fiquei a pensar que adorava vê-lo numa sala fechada…

Para terminar, Kaytranada no palco principal. Não sabia o que esperar, mas pensei que viesse com uma ou duas vozes de apoio. Enganei-me! Sozinho em palco, projeções poderosas que se repetiam no palanque onde operava a maquinaria de DJ, Kaytra fez a festa! Adoro aquele som. É um misto de electrónica com soul, jazz, momentos de funk…tudo ligado com uma elegância, pfffff! Festão! Levantou mais poeira do que no estacionamento.

Último dia de festival = Janelle Monáe. Era este o meu espírito. Comecei, no entanto por Masego, uma das minhas fortes apostas dos últimos tempos. Saxofonista estiloso, muito comunicativo conseguiu pôr todos os braços no ar com o seu flow sexy.

Seguia-se a cantora/activista/actriz Janelle Monáe no palco principal com Dirty Computer bem afinado que me fez sair do concerto de Masego mais cedo para conseguir um bom spot. Ao contrário do que imaginei, estava bastante desafogado e assim ficou até ao final. Mas não por culpa da cantora. Monáe é aquela artista que dá tudo em cima de um palco! Tudo! Para mim foi O concerto do festival. Janelle canta que se farta, dança muito, veste-se bem, tem ideias fixas que partilha ao longo do concerto, é justa, não suporta injustiças, empodera quem a escuta, põe o dedo na ferida e oferece-nos um show sem falhas e com uma alma que reverbera na nossa durante muito tempo. “Do you know what you’re fighting for?…”

Só mulheres em palco, exceptuando um guitarrista (brilhante!) que, a certa altura, nos atira com o solo de “Purple Rain” de Prince, enquanto as luzes mudam para roxo…saudades!!!

Erykah Badu, Michael Jackson, Outkast estão todos dentro da obra de Monáe e inundam a sua música com orgulho e reverência.

Passei pela Rádio SBSR, ainda a quente, para partilhar as minhas impressões sobre o concerto e quando saí, fiquei mais uma vez agradavelmente surpreendida por um concerto que não estava nos meus planos: Estraca. Que flow! Mãos no ar!

Os Migos, ouvi-os ao longe enquanto devolvia duas bifanas incomestíveis, por culpa da Janelle. Pensei: “então eu estive uma hora e tal a aplaudir uma artista que faz tudo para que lutemos pelos nossos direitos e agora não consigo comer esta carne pela qual paguei €17 e fico-me?!?…Naa! Nem pensar!” Só saí do balcão “gourmet” com o dinheiro na mão. Gastei-o em churros, fui abatê-los a dançar ao som potente dos Disclosure e saí contente.